Se assim como eu, você questiona os modelos tradicionais de educação e se você tem certeza que seus filhos viverão um mundo novo, esse post é para você. Vou comparar os benefícios de cursos sobre a nova economia, Agile e o novo modelo de gestão de pessoas Vs MBA em instituições tradicionais que ainda não se atualizaram.
Estamos no olho do furacão quando o assunto é transformação organizacional. A nova filosofia de gestão ágil é um caminho sem volta. Na contramão global, estão os cursos de graduação e MBA das instituições tradicionais e consagradas.
Não estou dizendo que você deveria desprezar a edução, digamos, clássica, para todas as ciências. Porém, principalmente para gestão de pessoas, fundamentos da administração, gestão de projetos e áreas de TI, as escolas tradicionais não estão acompanhando a revolução que está acontecendo.
Ainda ensinamos pessoas a criar desenhos organizacionais verticais – você sabia que no Brasil temos em média 8 níveis hierárquicos? – e a fazer gestão de projetos baseados em comando e controle. Não ensinamos modelos horizontais, mecanismos de empoderamento de times, gestão de projetos adaptativas e agéis e por aí vai.
Não estou dizendo que devemos parar de estudar, pelo contrário. Devemos estudar mais porque o mercado está mais rápido e competitivo. Mas vamos estudar “o que” e “onde”?
Com o objetivo de ajudar os jovens talentos a se organizarem e tomar melhores decisões sobre suas carreiras, eu fiz esse post com 7 motivos para não fazer um MBA, que vão fazer você pensar duas vezes antes de fazer um MBA.
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Corpo docente formado em sua maioria por mestres e doutores;
Vamos lá! Alguém aqui duvida de que o mercado muda mais e mais ano após ano? Se para quem já está no mercado é difícil se manter atualizado, quem dirá para quem investe praticamente todo o tempo no mundo acadêmico.
Sim, mestres e doutores tem muito valor, mas eu acredito que a balança está desequilibrada. As diretorias de ensino das instituições registradas no MEC obrigam as coordenações a contratarem professores fixos apenas se eles tiverem tais títulos. Eu já vi isso ao vivo! Se pelo menos tivéssemos uma distribuição melhor entre professores que estão no mercado com os mestres e doutores teríamos mais troca. Um aprenderia com o outro e todos ganhariam.
O uso desses títulos foi um argumento de vendas usado no passado. Quando as instituições usavam esse atributo em suas campanhas publicitárias para angariar jovens para os vestibulares. Como esse é um mercado que pouco inovou nos últimos 10 anos, o mote continua e as políticas dessas universidades não promovem nenhuma mudança no status quo.
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Grade curricular com temas do século passado;
Eu não quero ser desrespeitoso, então não vou citar os nomes das instituições, mas eu preciso mostrar o que eles vendem/ensinam. Vamos ver o que uma clássica instituição “vende” na apresentação do seu curso de MBA em Gestão de Projetos:
Vamos analisar os 4 itens acima?
- Gestão por meio de processos e outros recursos: nada ágil, hã? Na nova filosofia de gestão nos deveríamos estar orientados por “indivíduos e interações mais do que processos e ferramentas” não acha?
- Gestor líder: não percebo aqui a máxima do mundo do ágil de hoje, onde preferimos líderes servidores. Aí quando eu olho o item 3 fico aterrorizado.
- Controlar: em pleno século 21 estamos ensinando aqui o abominável Comando & Controle. Filosofia de gestão do século passado e baseada nos modelos hierárquicos falidos.
- PMI: bem, é isso. Mindset ágil, scrum, Kanban, Xtreme Manufacturing, XP ou out is, conceitos não são colocados em primeiro nível na descrição do curso ou na grade.
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40 mil reais equivalem a 7 certificações ou formações relevantes (mais um montão de livros);
40.000 reais é o valor aproximado de um curso de MBA na instituição acima. Outros MBA podem chegar até em 70.000 reais aqui em São Paulo. Será que vale a pena? Vamos fazer uma conta de quantos outros cursos você poderia fazer nesses valores tomando como base os 40k.
Com 40.000 reais você poderia fazer:
- Digital Immersion Program – 9.700 na Digital House. São formações executivas em diversas áreas da transformação digital, por exemplo, marketing e RH.
- Certified Agile Coach – 7.000 na Massimus, onde você também se certifica como Leader Coach. Te dá uma visão holística sobre agilidade e transformação organizacional. .
- Certified Scrum Master – 2.500 para ser certificado pela Scrum Alliance. Você terá a visão e ferramentas para implementar o scrum. Você também encontra na Massimus ou na K21.
- Certified Product Owner – 2.500 para ser certificado pela Scrum Alliance. O papel do Product Owner é fundamental em um time ágil. Você aprenderá como executar e utilizar ferramenta para gestão de produtos no Scrum. Você também encontra na Massimus.
- Management 3.0 – 2.000 na Adaptworks, por exemplo. Você precisa aprender as técnicas e o mindset da nova gestão. Vai te ajudar a desconstruir o modelo Comando e Controle do século passado.
- Kanban Management Professional – 2.000 aproximadamente na Adaptworks. Kanban é incrível para gerenciar uma operação com alta demanda e onde o time box do Scrum não é viável.
- Data Analytics – 12.700 para um curso na Digital House que te dará toda a formação para você trabalhar com grande volume de dados para tomar decisões.
- E ainda é possível comprar aproximadamente 30 livros sobre os temas acima para complementar seus estudos. Ou fazer um monte de cursos de qualidade no Coursera, por exemplo.
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As 7 certificações ou cursos relevantes acima ainda expandem o seu networking aproximadamente 6 vezes mais do que um MBA;
Em uma boa turma de MBA você deverá criar 30 conexões com seus colegas de classe. E se cair em uma turma menos sênior pode ser que não queira desenvolver uma grande conexão com todos.
Participando dos cursos acima você terá aproximadamente 6x mais conexões, devido a média da turma. E ainda se destacar nas turmas e criar conexões também com os instrutores, que em geral são bem ativos nas comunidades de seus assuntos e são um network de muita qualidade.
É claro, escolha bem a escola, os professores e seja exigente com a turma. Afinal, são os alunos que elevam a barra de qualidade.
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As profissões ensinadas em MBA não irão existir em 10 ou 15 anos;
Com certeza você já leu inúmeros artigos sobre profissões que irão deixar de existir devido a automação. Pois é, a lista não é pequena não. Por exemplo, Carl Benedikt Frey e Michael A. Osborne, da Universidade de Oxford, estudaram cerca de 700 profissões e suas chances de automação. Pasmem, segundo eles, metade das ocupações deixarão de existir na União Europeia em aproximadamente 20 anos. A lista conta com carreiras de Juristas, Contadores, Arquitetos, Estatísticos e até alguns tipos de professores. Confira o estudo aqui!
Não veremos transformações só pela automação. Outras profissões se reinventarão. Falamos ali em cima sobre liderança servidora ou auto-organização de equipes mais do que comando e controle, por exemplo. Você tem dúvidas de que a filosofia de gestão ágil será predominante nas corporações e startups em um futuro próximo? Os Millennials são muito mais empreendedores. Já imaginou não proporcionar uma estrutura organizacional que não permita empreendedorismo interno e auto-organização? Eles também precisam de propósito. Já pensou como isso impacta a sua estrutura de metas? Veja esse artigo da Michel Page.
Nossos cursos de formação superior e MBAs não estão preparados para essas transformações.
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Quando você terminar de pagar o MBA já terão sido lançadas 2 novas versões de iPhone – ou de um novo Sx da Samsung;
Você deve ter achado esse tema estranho, mas pense comigo profundamente. A tecnologia muda a vida das pessoas em uma velocidade nunca antes vista. Todos os anos vemos evoluções tecnológicas que mudam mercados e sociedades mundo a fora. Resumindo, a cada nova versão de um novo smartphone o mundo avança em inovação e o seu curso de MBA fica cada vez mais desatualizado.
O mundo todo vai mudar bem na sua frente nós próximos dois anos. E você estará pagando os R$ 1.000 e poucos reais todos os meses.
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Você paga para ter um “título”, que tem cada vez menos valor;
IBM, Apple e Google são só alguns exemplos de gigantes que não exigem diplomas universitários para contratar. Em uma matéria* da Olhar Digital de agosto do ano passado podemos ver que 15% dos novos contratados na IBM nos EUA não tem ensino superior. No mesmo texto, Maggie Stillwell, responsável por recrutamento na gigante Ernst & Young, “qualificações acadêmicas ainda são levadas em consideração e continuam um ponto importante na avaliação de um candidato, mas não são mais uma barreira para colocar o pé para dentro da porta”.
Aqui no Brasil, empresas como a Movile e Nubank também não tem essa exigência**. Essa é uma tendência. Nossas instituições tradicionais não acompanham o desenrolar do mercado. Se cada vez mais não teremos alunos nos cursos universitários, qual será o futuro dos cursos de pós-graduação, como o MBA?
Agora, se você já passou por todos os cursos acima, indico fazer o seu MBA. E ajude a elevar a barra da turma em que você estiver. QUASE TODOS os meus amigos que iniciaram um MBA presencial nos últimos anos abandonaram o curso ou terminaram SÓ PARA TER O TAL SELO de um MBA no currículo. Triste, né?!
Conclusão
Não sou contra o MBA. Acredito que a nossa barra está baixa, que as grades são ultrapassadas e que muitos professores precisam se renovar. Há uma revolução a caminho, assim como vemos na indústria de mídia e logística/transporte, por exemplo. Isso também vai acontecer com a educação.
Não tenho dúvidas que minha filha viverá um mundo diferente no que diz respeito a cursos superiores. Que bom! Tomara que a próxima geração supere a nossa e que as empresas do futuro sejam mais humanas, horizontais e baseadas em tecnologia de ponta. Afinal, é por isso que me tornei Agile Coach. Para que minha filha não precise trabalhar nas empresas que eu me deparei durante toda a carreira.
Se você tem uma experiência diferente, por favor, compartilhe aqui nos comentários. Vamos tornar essa discussão uma troca de ideias rica e interessante.
Quer conferir outros artigos? Confira no blog da Massimus!